Quais doenças melhoram após a cirurgia bariátrica?

A cirurgia bariátrica é um procedimento recomendado para portadores de obesidade mórbida, ou seja, aquela obesidade que acarreta uma série de prejuízos à saúde, que já não conseguem emagrecer com tratamentos tradicionais, como medicamentos, dietas e exercícios. Porém, além da perda de peso, você sabia que ela pode ser uma aliada contra outras doenças associadas à obesidade?

Ainda existe uma associação da cirurgia bariátrica como algo estético. Ainda que ela ajude a melhorar a autoestima de quem viveu anos com o estigma da obesidade, seus benefícios vão além disso.

Doenças como diabetes tipo 2, refluxo gastroesofágico, hipertensão arterial, incontinência urinária em mulheres, apnéia do sono, dentre outras decorrentes do excesso de peso podem apresentar uma melhora significativa após a cirurgia bariátrica.

Para entender como essa melhora funciona, vamos te explicar um pouco sobre cada uma delas.

O diabetes tipo 2 é caracterizado pela resistência do organismo à ação da insulina, que regula a concentração de glicose (açúcar) no sangue. Em pacientes com obesidade, a ação da insulina é prejudicada pelo excesso de gordura, levando ao aumento dos índices de insulina na tentativa de manter os níveis de glicose próximos do normal – uma condição chamada pré-diabetes. Com o passar dos anos e aumento de peso, já não é possível controlar os níveis de glicose no sangue, caracterizando o diabetes.

Através da bariátrica, ocorre melhora desses níveis, através da redução de peso e da redução da ingestão de alimentos, além de uma série de mecanismos que não dependem exclusivamente da perda de peso, como a produção de hormônios, alteração da flora intestinal, dentre outros, que contribuem para reduzir a resistência do organismo à ação da insulina.

O refluxo gastroesofágico também é um problema comumente relacionado à obesidade. Ele ocorre quando o ácido produzido no estômago retorna ao esôfago, causando irritação na parede do órgão (esofagite) por conta da acidez. O excesso de peso e o acúmulo de gordura no abdômen, aumentam a pressão dentro da cavidade abdominal, predispondo a ocorrência do refluxo. Essa condição pode ser diagnosticada nos exames que antecedem a cirurgia e, com a técnica adequada, como o bypass gástrico, a cirurgia tonar-se uma ferramenta eficaz no tratamento dessa doença.

A obesidade também está associada à hipertensão arterial pois existe uma maior resistência à passagem do sangue pelos vasos sanguíneos devido ao excesso de peso. Com o passar do tempo, essa elevação da pressão pode provocar alterações do coração, além de aumentar o risco de infarto agudo do miocárdio e de acidente vascular cerebral – AVC. Existe um maior risco de infarto ou AVC quando ocorre o acúmulo de gordura na parede dos vasos – aterosclerose, outra condição comumente associada à obesidade. Assim, com a cirurgia bariátrica, ocorre também a perda de peso e a diminuição do colesterol, diminuindo a aterosclerose e facilitando a passagem do sangue pelos vasos.

O acúmulo de peso também promove um aumento de pressão sobre a musculatura do assoalho pélvico, aumentando as chances de incontinência urinária em mulheres. Portanto, quando ocorre a perda de peso após a cirurgia bariátrica, pode haver também uma melhora na função do assoalho pélvico, o que reflete na qualidade de vida de muitas mulheres.

Por fim, a apneia do sono também pode ser resolvida. Assim como na incontinência urinária, que é causada por efeitos de compressão, a gordura também pode comprimir as vias respiratórias, dificultando a respiração do paciente com obesidade, principalmente durante o sono. Assim, a perda de peso promovida pela cirurgia bariátrica pode levar a uma melhora significativa.

Além disso, é preciso entender bem os riscos envolvidos nessa cirurgia e estar preparado para todos os passos que esse procedimento requer. Converse sempre com seu médico!

Como podemos ver, a cirurgia bariátrica, quando bem indicada, pode trazer muitos benefícios associados à redução de peso. Porém, é muito importante contar com avaliação e acompanhamento médico nesse processo, para saber se você pode ou não fazer a cirurgia.